O traficante Polegar O traficante
Polegar Foto: Divulgação/ Senad / EXTRA
Traficantes cariocas que ocupavam funções de segundo e
terceiro escalão no tráfico de favelas ocupadas por Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs) estão foragidos em cidades da fronteira do Brasil com o
Paraguai. A Polícia Federal e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do
Ministério da Justiça, confirmaram a presença de foragidos do Rio no país
vizinho. Embora resistam a dizer o nome dos traficantes, para não prejudicar as
investigações, delegados e agentes federais ouvidos pelo EXTRA afirmam que,
além de buscarem refúgio para integrantes ameçados pelas ocupações, as facções
estão interessadas em eliminar atravessadores e comprar drogas diretamente de
produtores.
Segundo o delegado Cézar Luiz Busto de Souza, da Coordenação
Geral de Polícia de Repressão a Drogas e Entorpecentes, em Brasília, já foram
identificados criminosos do Rio em seis cidades gêmeas, ou seja, municípios
brasileiros e paraguaios que, de tão próximos, têm um só centro urbano. Do lado
brasileiro, Ponta Porã (MS), Guaíra (MS) e Foz do Iguaçu (PR). No Paraguai,
Pedro Juan Caballero, Salto del Guairá e Ciudad del Este, respectivamente.
— É o efeito balão. Você aperta de um lado e o ar vai para
outro. Vai se espalhando. Nas UPPs, quando a força chega lá, o crime se afasta.
Estão chegando a essas regiões. Isso é fato — explica.
Os federais atuam em parceria com a Secretaria Nacional
Antidrogas paraguaia — o país é o maior produtor de maconha no continente — e
as polícias de grandes produtores de cocaína: Bolívia, Colômbia e Peru.
— Não há interesse desses países na presença de criminosos do
Brasil — afirma Souza.
Além da facilidade com a língua e da relativa proximidade com
o Rio, o interesse pelas cidades de fronteira é a dificuldade de ser preso em
um país por crimes cometidos em outro. O traslado até o Paraguai tem sido
feito, em alguns casos, numa parceria com a maior facção criminosa paulista.
Principalmente em Pedro Juan, o grupo de São Paulo é mais forte do que o
fluminense.
Foi assim com Alexander Mendes da Silva, o Polegar, chefe do
tráfico da Mangueira até a chegada da UPP. Preso em Pedro Juan no ano passado,
ele chegou ao Paraguai com o apoio da facção paulista.
A rotina de Polegar era bem diferente dos hábitos discretos
adotados pelos traficantes do Rio e de SP na fronteira, para não levantar
suspeitas. Carro de luxo, mulheres e esbórnias: uma vida que chamou a atenção
de setores corruptos da Polícia Nacional do Paraguai. Após uma tentativa
fracassada de achaque, a localização do criminoso foi entregue à Senad. Resta
saber se Polegar mandou um “No esculacha!”.
De acordo com o delegado Souza, os traficantes tentam
eliminar os negociantes intermediários e comprar diretamente de produtores. Ao
dominar mais uma fase da logística de distribuição, a intenção é aumentar o
lucro e diminuir os riscos.
Exemplo disso foi a constatação da PF na última quarta-feira,
quando prendeu membros da quadrilha de Irineu Soligo, o Pingo, fornecedor de
Fernandinho Beira-Mar no passado. A investigação não mostrou negócios recentes
entre a facção de Beira-Mar e o grupo de Pingo, um dos barões do tráfico da
fronteira.
A secretária nacional de Segurança, Regina Mikki, que tomou
conhecimento da presença de traficantes do Rio em visita à fronteira, em
agosto, prometeu reforçar a ação na região:
— Muita gente que saiu das ocupações (UPPs) foi para lá
(Paraguai).
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