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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Enviado por Ricardo Noblat -
Política

'Mensalão', hipocrisia e corrupção preservada, por Ladislau Dowbor

STF e mídia fingem resgatar ética, mas mantêm intactos mecanismos que subordinam candidatos ao dinheiro e interesse de grandes empresas
Ladislau Dowbor, Carta Maior

“The idea that in a democracy you should be able to trade your wealth
into more influence over what the government does is just wrong.”

Lawrence Lessig

“Les vices n’appartiennent pas tant à l’homme qu’à l’homme mal gouverné”
Rousseau

Transformar o exercício da justiça em espetáculo midiático não é correto nem ético. Fazê-lo em nome da ética, menos ainda. Para muita gente, parece tratar-se de uma catarse política, canalização de ódios acumulados. Não se resolve grande coisa desta maneira e gera-se sim dinâmicas perigosas.

E, sobretudo, canaliza-se toda a energia contra pessoas, obscurecendo os vícios do sistema. O sistema agradece, e permanece. A realidade, é que há um imenso desconhecimento, por parte de não-economistas, de como se dão os grandes vazamentos de recursos públicos.


Bem, vamos por partes. Primeiro, a grande corrupção, a grande mesmo, aquela que é tão grande que se torna legal. Trata-se do financiamento de campanhas. A empresa que financia um candidato – um assento de deputado federal tipicamente custa 2,5 milhões de reais – tem interesses.

Estes interesses manifestam-se do lado das políticas que serão aprovadas, por exemplo contratos de construção de viadutos e de pistas para mais carros, ainda que se saiba que as cidades estão ficando paralisadas. As empreiteiras e as montadoras agradecem.
Do lado do candidato, apenas assentado, já lhe aparece a preocupação com a dívida de campanha que ficou pendurada, e a necessidade de pensar na reeleição. Quatro anos passam rápido.
Entre representar interesses legítimos do povo – por exemplo, mais transporte coletivo, mais saúde preventiva – e assegurar a próxima eleição, ele que estudou economia ou direito, e por tanto sabe fazer as contas e sabe quem manda, está preso numa sinuca.

O próprio custo das campanhas, quando estas viram uma indústria de marketing político, é cada vez mais descontrolado. Segundo The Economist, no caso dos EUA, os gastos com a eleição de 2004 foram de 2,5 bilhões de dólares, em 2010 foram de 4,5 bilhões, e a estimativa para 2012 é de 5,2 bilhões.
Isto está “baseado na decisão da Corte Suprema em 2010, que permite que empresas e sindicatos gastem somas ilimitadas em marketing eleitoral”. Quanto mais cara a campanha, mais o processo é dominado por grandes contribuintes, e mais a política se vê colonizada.

O resultado é a erosão da democracia. E resultam também custos muito mais elevados para todos, já que são repassados para o público através dos preços.

Ladislau Dowbor, economista, é professor da PUC de São Paulo, e consultor de várias agências das NNUU. http://dowbor.org

Um comentário:


  1. Respeito a opinião do ilustre professor Dowbor assim como de qualquer outra pessoa, porém, como disse um certo ministro no STF, "CADA DIFICULDADE EM SEU DIA", não importa quem começou toda essa safadeza com o dinheiro público, o que está em jogo é se deve ou não parar com isso, é muito fácil ficar acusando o STF de sensacionalista, perseguidor ou seja lá o que for, acho perfeitamente normal essa posição do professor, além de participante assíduo do "Fórum Social Mundial" é também um dos prediletos intelectuais do ex-presidente Lula e colaborador da "Carta Maior - O portal da esquerda".

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