Medo da violência paralisa transporte
público em Moçambique
(Agência Brasil)
Maputo – A entrada em vigor da nova tabela de preços do
transporte coletivo na região metropolitana da capital moçambicana interrompeu
a circulação dos chapas – vans ou caminhonetes abertas usadas para transportar
pessoas. Os chapeiros, como são chamados os donos dos veículos, têm medo de ser
feridos ou de ter os carros danificados em manifestações por causa do reajuste
de tarifas, como ocorreu no último aumento, em setembro de 2010.
O preço das tarifas subiu, em média, 40%, passando de 5 para
7 meticais (o equivalente a cerca de R$ 0,50). A cidade de Maputo, com mais de
3 milhões de habitantes, conta com cerca de 300 ônibus em circulação, apenas.
Por isso, a maior parte da população tem nos chapas o único meio de transporte.
Segundo o governo, desta vez não houve grandes transtornos
por causa do reajuste. Na periferia da cidade, motoristas que tentaram
transportar passageiros foram apedrejados. Alguns manifestantes que queimaram
pneus para interromper as vias foram presos, mas a Polícia da República de
Moçambique não informa quantos foram os detidos.
Muitas lojas e escritórios chegaram a dispensar os
funcionários e fechar as portas, também com medo de protestos violentos.
Durante todo o dia, as ruas ficaram quase sem carros e foram tomadas por
pessoas que tiveram de fazer a pé o trajeto de casa para o trabalho e do
trabalho para casa. "Caminhei mais de uma hora na poeira para chegar ao
serviço", disse a empregada doméstica Anabela Domingos.
Testemunhas disseram que três pessoas que gravavam em vídeo a
ação dos policiais também foram presas. A polícia chegou a parar a equipe da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que percorria a cidade de automóvel para
acompanhar os acontecimentos. Policiais armados com fuzis ameaçaram confiscar
câmeras e microfones, mas acabaram permitindo que o carro seguisse viagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário