'A corregedoria agirá
com mão de ferro', afirmou ministro Franscisco Falcão (G1)
A Polícia Federal e o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vão investigar a atuação do juiz que
concedeu a adoção de cinco crianças a quatro casais paulistas em 24 horas. O
caso ocorreu em junho do ano de 2011, na cidade de Monte Santo. A corregedoria
na Bahia tem 60 dias para apresentar um relatório.
O juiz Vitor Manoel,
que concedeu a adoção, trabalha atualmente na cidade de Barra, a mais de mil
quilômetros de Monte Santo, e não quer falar sobre o caso. "Se ficar
comprovado que houve má fé, erro por parte do magistrado, a corregedoria agirá
com mão de ferro", afirmou o ministro Francisco Falcão, corregedor
nacional de Justiça. A ministra da secretaria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário, quer participação da Polícia Federal na investigação. "Tudo
indica que exista uma quadrilha atuando, traficando crianças e,
lamentavelmente, com algum apoio por dentro do próprio sistema de
Justiça", afirmou.
Processo de adoção
Ao contrário do que
aconteceu na cidade de Monte Santo, segundo a Justiça, somente a primeira etapa
da adoção demora quatro meses. "O Estatuto da Criança e do Adolescente
fixa prazo mínimo de 120 dias. Obviamente, tem-se a chance de os pais
contestarem e se defenderem. Não é qualquer situação que provoca uma
destituição do poder familiar", explicou a juiza da Vara da Infância e
Juventude, Karla de Azevedo, nesta segunda-feira (15).
O caso
Cinco crianças foram
retiradas à força, pela polícia, da casa dos pais biológicos em junho de 2011,
na cidade de Monte Santo, no sertão baiano. Uma menina de dois meses foi levada
primeiro. Dias depois, a polícia retornou e levou os quatro meninos. O caso foi
denunciado pelo Fantástico no domingo (14).
Tudo foi resolvido
rapidamente. Em 24 horas, o então juiz de Monte Santo, Vitor Manoel Xavier
Bizerra, destituiu o poder dos pais para entregar as crianças a quatro casais paulistas.
Ninguém da família dos meninos estava presente, nem o Ministério Público, o que
por lei não pode ocorrer.
Desde que o caso
aconteceu, os advogados do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente –
Cedeca trabalham para trazer as crianças de volta. "O Estatuto da Criança
e do Adolescente deixa claro que essas famílias não podem ser condenadas e nem
ter seus filhos retirados sobre a justificativa da pobreza", afirma a
advogada Isabela Costa Pinto.
O atual juiz de Monte
Santo, Luiz Roberto Cappio, está revisando os processos e já encontrou
irregularidades. "Infelizmente, eu verifiquei diversas irregularidades que
maculam as concessões de guarda. A ausência de oitiva dos pais
biológicos", afirma o juiz.
A ministra Maria do
Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos disse hoje que irá pedir à Polícia
Federal que investigue o caso. "Tudo indica que existe uma quadrilha
atuando, traficando crianças e lamentavelmente com algum apoio por dentro do
próprio sistema de Justiça", disse.
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