Após golpe de Estado,
Guiné-Bissau vira paraíso do narcotráfico ADAM NOSSITER DO "NEW YORK TIMES" )
BISSAU, Guiné-Bissau - Quando o
Exército depôs o presidente de Guiné-Bissau, faltando apenas meses para o
término de seu mandato, a sede de poder do oficialato não explicou a ofensiva
por completo. Mas um aumento nítido no tráfico de drogas no país, desde que os
militares tomaram o poder, levanta suspeitas de que a deposição repentina do
presidente foi o equivalente a um "golpe de cocaína".
O golpe levou os militares a
controlarem o narcotráfico e o próprio país, convertendo a Guiné-Bissau, aos
olhos de alguns especialistas internacionais no combate às drogas, num país
onde drogas ilegais são toleradas nos primeiros escalões.
"O país é provavelmente o
pior 'narco-Estado' do continente africano", comentou um funcionário
sênior da DEA (Administração de Policiamento de Drogas), em Washington.
Desde o golpe de 12 de abril,
mais aviões vêm fazendo a travessia do Atlântico, da América Latina até o oeste
da África, pousando na Guiné-Bissau para descarregar cocaína que, em seguida,
será enviada para o Norte, dizem especialistas.
A instabilidade política
continuou quando soldados atacaram um quartel do Exército em 21 de outubro,
numa aparente tentativa de derrubar o governo. Um capitão dissidente do
Exército foi preso em 27 de outubro e acusado de ser o organizador da tentativa
de contragolpe.
Entre abril e julho, houve pelo
menos 20 pousos na Guiné-Bissau de aviões que representantes das Nações Unidas
suspeitaram que transportassem carregamentos de droga. Os representantes da ONU
dizem que a Europa, à qual já chegam cerca de 45 toneladas métricas por ano de
cocaína da África ocidental, pode estar prestes a receber uma enxurrada muito
maior da droga.
Teria o próprio golpe militar
sido uma manobra para desviar a atenção do tráfico? Alguns especialistas dizem
que, no momento em que Forças Armadas estavam tomando a Presidência, houve um
surto de atividade intensa do narcotráfico em uma das ilhas do arquipélago de
Bijagós.
Joaquin Gonzalez-Ducay,
embaixador da União Europeia em Bissau, comentou: "A Guiné-Bissau é
controlada por aqueles que deram o golpe de Estado. Eles podem fazer o que
quiserem. "
Funcionários da ONU concordam. "O golpe foi cometido por pessoas totalmente inseridas no tráfico de drogas", disse um representante.
Funcionários da ONU concordam. "O golpe foi cometido por pessoas totalmente inseridas no tráfico de drogas", disse um representante.
O governo civil e a liderança
militar guineense rejeitam as acusações.
"As pessoas dizem que sou
traficante de drogas", falou o chefe do Estado-maior do Exército, o
general Antonio Injai. "Quem tiver provas, que as apresente. Pedimos à
comunidade internacional que nos dê os meios para combater as drogas."
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