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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

HOJE É ANIVERSÁRIO DO REI DO BAIÃO

13 de dezembro de 1912: O centenário de Luíz Gonzaga 

Enviado por: Lucyanne Mano

O Brasil conheceria menos o Nordeste sem ele. Talvez o próprio Nordeste se conhecesse menos sem o gênio que surgiu do chão árido da caatinga: Luíz Gonzaga... Um Quixote de cara redonda, chapéu de couro e bandoleira de cangaceiro atravessada no peito, que, com sua sanfona de oito baixos, sua voz soando a sertão, ousou furar a onda da música norte-americana que invadia o Brasil nos anos 40. Primeiro porta-voz da cultura marginalizada do longínquo Nordeste, trouxe à tona a redescoberta de sua gente, mostrando em baiões, xaxados, xotes e toadas, canções que falavam não só das festividades regionais, mas também da triste realidade de injustiças sociais de sua terra.
O centenário de Luiz Gonzaga. Fernando Pereira/CPDoc JB

Autor de obras-primas como Asa branca, Juazeiro, Assum preto, Baião , A vida do viajante e O xote das meninas, é considerado um dos fundadores da música brasileira, ao lado do orquestrador, instrumentista e chorão Pixinguinha, do praieiro Dorival Caymmi e do urbano Noel Rosa, pela contribuição de sua arte que expandiu para o Norte os horizontes da canção nacional.

Nascido numa sexta-feira, 13 de dezembro de 1912 na Fazenda Caiçara, em Exu, interior pernambucano, Luiz Gonzaga do Nascimento, filho do velho Januário, conhecido por consertar foles e animar bailes na região, revelou cedo suas preferências musicais quando ganhou o seu primeiro fole de oito baixos. Sem formação musical, aprendeu a tocar, assistindo às apresentações do pai. O início do sucesso, contudo, veio com o desfecho de uma mal sucedida história de amor no final da adolescência, que culminaria na sua fuga de casa após levar uma surra da mãe. A primeira parada foi o Ceará, onde se alistou no Exército. A experiência contribuiu com a carreira artística, pois apresentava-se com frequência no quartel, e durante as inúmeras viagens que fazia a serviço militar. Até que o amor pela música falou mais alto. Deu baixa da carreira militar em São Paulo e seguiu pro Rio de trem, com uma sanfona, recém comprada, debaixo do braço. Conferiu de perto o que já imaginara: viver da música não seria fácil. Não fraquejou. Tocou onde pode, incansável, encarando os desafios de toda sorte. Até que em 1941, participou do programa de calouros de Ary Barroso, apresentando uma composição sua: Vira e mexe. O anonimato estava com os dias contados, mas os desafios não seriam menores...

Quando teve a chance de profissionalizar-se no rádio, então principal veículo da música popular, percebeu o preconceito sofrido pelos ritmos nordestinos, considerados de mau gosto pela mídia mais intelectualizada. O que quer que soasse regionalista, fazia a elite torcer o nariz. Imagina um sanfoneiro, vestido com trajes de bandido do sertão? Talvez outros tivessem desistido. Não o Lua (apelido motivado por sua cara redonda e seu sorriso contagiante). Ainda que levasse tempo, a força de sua música romperia barreiras. Levou tempo. E rompeu. Em 1950, o baião era tão ouvido nas emissoras de rádio quanto o samba e os gêneros estrangeiros. Aquela altura, Luiz Gonzaga já tinha aberto caminho para que outros artistas pudessem cantar cá por baixo as coisas lá de cima.

"Minha vida é cantar por este país pra ver se um dia descanso feliz..."
 
Os anos passaram e Luiz Gonzaga continuou intensamente dedicado à carreira, ainda que nem sempre o sucesso tenha estado ao seu lado. Da mesma forma que fez apresentações no Copacabana Palace e turnês no exterior, tocou em circos e teatros de cidadezinhas do interior, animou festejos regionais e comícios. Ao todo, gravou 192 discos, entre compactos simples, duplos e LPs, com média de vendagem de 200 mil cópias por lançamento. São incontáveis os intérpretes que gravaram suas composições: Elis Regina, Caetano Veloso, Nelson Gonçalves, Geraldo Vandré. Além do legado de sua obra, Luiz Gonzaga ajudou o Brasil a ter consciência do seu sertão.

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