Advogados criticam julgamento do mensalão e acusam STF de
desprezar ampla defesa
Os advogados dos réus no julgamento do mensalão estão
revoltados com a forma como o Supremo Tribunal Federal (STF) vem conduzindo os
trabalhos nesses primeiros dias. A rapidez da mais alta Corte do País, segundo
os advogados, vai de encontro ao direito da ampla e irrestrita defesa dos réus.
Até agora, todas as questões de ordem levantadas pelos advogados foram negadas
pelo plenário do STF.
Nesta quarta-feira, o
julgamento entra em seu quinto dia para ouvir as defesas dos três réus do Banco
Rural, do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e do ex-ministro Luiz Gushiken,
cuja absolvição foi pedida pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
na última sexta-feira.
Na segunda-feira, o advogado Marcelo Leonardo, que representa
o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão,
apresentou uma questão de ordem pedindo mais tempo para suas exposições orais
sob o argumento de que o réu é o que responde ao maior número de crimes no processo.
Ele teve o pedido negado.
O advogado da ex-executiva do Banco Rural Kátia Rabelo, José
Carlos Dias, também apresentou questão de ordem contra o cerceamento do direito
de defesa. Ele questionou o fato de apresentar sua defesa para um plenário com
um ministro a menos. Cármen Lúcia, que também preside o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), teve de se retirar no intervalo da sessão alegando
compromissos no órgão. Novamente a questão de ordem foi negada pelo Supremo.
O advogado do publicitário Marcos Valério, Marcelo Leonardo,
se une ao coro dos críticos ao Supremo. "O STF está tendo uma extraordinária
preocupação com o cronograma, mas a preocupação deveria ser com a
Constituição", afirmou.
Leonardo Yarochewsky, advogado que defendeu Simone
Vasconcelos, afirmou que claramente essas medidas confirmam o cerceamento da
liberdade de defesa dos réus. “A questão é que não temos para onde apelar. Se
continuar assim, teremos que procurar a OEA (Ordem dos Estados Americanos)”,
disse Yarochewsky.
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